terça-feira, 14 de julho de 2009

Bastille Day

Olho pela janela e vejo carros e pessoas em um 14 de Julho normal. Todo meu pensamento nesse momento se volta para o desejo de estar em Paris, comemorando o marco zero do mundo que vivemos hoje. Há 220 anos a tomada da Bastilha manifestava as primeiras configurações do que chamamos mundo contemporâneo. A burguesia, com o verdadeiro caráter revolucionário, mostrava na França que participação é algo possível, que Liberdade, Igualdade e Fraternidade são bens que devem existir no interior de cada indivíduo. É, de certa forma, incompreensível que hoje existam tantas críticas e consequentemente a banalização dos termos "burguês" e "burguesia". O monopólio da nobreza e do clero como uma verdadeira aristocracia caía, então, para não voltar mais naqueles moldes e assim o é devido às configurações que vieram a ocorrer nos séculos XIX e XX. A burguesia, lembrando o que o próprio Karl Marx falava, construiu a história mesmo sem ter a intenção de fazê-lo.
Infelizmente pouco se comenta sobre a importância dada ao 14 de Julho no Brasil, ainda mais no "ano da França" no país, onde os carros chegam e partem e as pessoas mal sabem sobre si, extiguindo a possibilidade de saber os fatos importantes da nossa sociedade. É bem verdade que isso se relacione com a modernidade líquida (BAUMANN, Zigmunt), que por sua vez foi beneficiada com a Revolução Francesa por permitir as novas configurações sociais no mundo ocidental. São consequencias que jamais nos teriam passado caso a maior revolução que o homem já viu tivesse falhado. Senhores, boa fête nationale. Esteja onde estiver, Marianne, nos saúda pela instauração da glória, seja na estátua da Liberdade, nas notas do Real ou em um quadro no Louvre.

Liberdade, Igualdade e Fraternidade! Sempre!

segunda-feira, 29 de junho de 2009

O Estado e a Discriminação

Atribuir à determinada classe a possibilidade exclusiva de cursar uma graduação seria correto? Definitivamente me parece equivocado e a Justiça Federal, enfim, corrigiu ontem um erro grosseiro ao acabar com o curso de Direito para assentados. Além de segregar, o argumento de que a prática é inconstitucional exposto pelo Ministério Público de Goiás é válido na medida em que outras classes sociais não possuem privilégios do gênero, assim como não deveriam possuir. Um outro argumento também é válido: o Pronera (Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária) é bem claro no que toca seus objetivos. A educação para os sem-terra visa exclusivamente a capacitação para os mesmos nas práticas do campo, o que não diz respeito ao Direito.
Além disso, o convênio feito para sem-terras abre a possibilidade para movimentos políticos desonestos espalharem entre os humildes de bem suas ideologias falsas e seu fundamentalismo oportunista. Não me refiro a todo e qualquer trabalhador rural sem-terra, mas sim aos que, de uma forma ou de outra, usam sua liderança nos movimentos políticos para conquistar bens materiais e sociais através do uso de influência, o que é uma atividade criminosa.
Mais lamentável do que a banalização e o empobrecimento do verdadeiro movimento rural e da possibilidade de recurso da decisão, o fato de em algum momento essa discriminação ter sido aprovada é o que há de mais revoltante. Não existem discriminações positivas, como muitos movimentos afirmam (entre eles alguns movimentos raciais e religosos). Se, de alguma forma, a justiça é cega, a discriminação não deveria possibilitar a diferenciação entre positiva e negativa. Melhor, não deveria nem existir.


.

sábado, 30 de maio de 2009

Sobras de um Davi na Ásia

Se a história de David e Golias nos lembra o impasse que acontece na Ásia envolvendo Coréias, Japão e Estados Unidos, as semelhanças acabam quando o que vemos atualmente não passa de um anão que choraminga nos confins político-econômicos do mundo. De fato não podemos deixar de considerar o que fomenta o impasse, mas o distúrbio acerca da força nuclear não mostra lógica quando seu uso pela Coréia do Norte é de cunho militar. A pergunta é: o que a Coréia do Norte representa de ameaça militar para além de seu ínfimo arsenal nuclear? É claro que vidas, sobretudo sulcoreanas e japonesas, estão em jogo e uma guerra nunca é agradável, mas de um país onde a cegueira ideológica é medíocre e até os mais saudosos esquerdistas no mundo condenam - inclusive o país mais forte - não se pode esperar medidas inteligentes muito menos significados coerentes em suas ações.
Talvez o ódio histórico da região fomente a atual problemática, talvez os manipulados norte-coreanos que compram comida e outras coisas básicas nos vizinhos do Sul estejam indignados com o que se passa em seu Estado e assim querendo o fim do sistema mais falacioso da humanidade. A certeza que se pode ter é que com uma guerra ou não, a Coréia do Norte - se é que já foi produzida pelas forças de trabalho de seu maltratado povo - tem seu prazo de validade determinado assim como as mercadorias do sistema mundial.
Se até a China já observou que o caminho não é a cegueira e a ignorância ideológica, cabe ao sistema engolir a intolerância de uma forma mais enérgica ou por vias diplomáticas. O problema da segunda alternativa é: os norte coreanos sabem o que é isso? Se o David da atualidade de fato tentar atingir com sua funda o Golias da humanidade, podemos concluir que a história bíblica só funciona numa era pré-capital e que um gigante esmaga mesmo o que aparece em seu caminho. Não devemos esquecer que existe mesmo uma preocupação que algo semelhante aconteça na América Latina, mas isso já é assunto para outro momento.

Por Daniel L. Ruffo

sexta-feira, 13 de março de 2009

Uma indústria acima de qualquer crise

O sobre-humano: fator que vive nas crenças do homem desde que o mesmo se diferenciou dos outros animais em algum momento da história do planeta Terra.
O instinto competitivo: existente no convívio de praticamente todo ser vivo.

É abordando esses dois conceitos que comentaremos sobre uma indústria que tem suas atividades ampliadas e é capaz de vencer qualquer tipo de crise: a indústria da Fé.
O homem sempre teve fé, seja ela um simples pensamento positivo sobre algo ou até mesmo um exercício religioso extremista. Independente do grau de intensidade, qualquer atividade humana tem por trás a fé em algo que não remete simplesmente a vontade do homem. Ora, adequando a sociedade atual, capitalista, onde a fé é alocada em diversos setores religiosos, vemos que essa indústria tem até como crescer mediante a atual crise econômica que vivemos. Por quê?

Primeiramente, uma igreja - seja de qual religião for- sempre terá fiéis. Sempre terá indivíduos dispostos a se comportar da forma que for preciso movidos por algo que não os compete. Levando isso em conta, em tempos ruins, a fé é a principal arma de um fiel, ou seja, na atual crise econômica, o número de indivíduos que buscam o sobre-humano como abrigo tende a ser cada vez maior. Isso nos levaa concluir que ser dono e tratar um estabelecimento religioso como um negócio é excelente quando os homens se relacionam tranquilamente e "surreal" quando em tempos de crise econômica.

A primeira coisa que um proprietário do negócio que parece inovador, embora não seja, pensa é lucrar. Não parece ser novidade, mas como? Dízimo? Não! O mercado religioso, dependendo do segmento, remete à produtos exclusivos, como se fosse um upgrade em relação aos serviços não-religiosos. Quero dizer, um fiel vai comprar um produto de sua igreja ou dar dinheiro a possíveis pecadores? A certeza sobre-humana prevalece inevitavelmente. E quando se fala em produtos, consideram-se desde camisas até mega-eventos em estádios de futebol com entrada popular (ou populista?).

E é aí que o instinto competitivo capitalista aparece latejante. O números de pessoas que mudaram de vida economicamente após se converter aumenta cada vez mais, principalmente entre celebridades que antes eram esquecidas, mas que agora - por fazer parte de um negócio exclusivo - voltam triunfantes e ainda carregam sobre sua imagem a mensagem de que é possível qualquer coisa com o argumento sobre-humando da fé. São cada vez mais pessoas buscando o ter através da religião, por mais que pareça contraditório.

Podemos imaginar, obviamente, que um dia a crise que hoje é econômica, será religiosa. Não há dúvidas, mas é importantíssimo ressaltar que, pelo fato de sempre habitar o coração humano, a fé está acima de qualquer crise.

quarta-feira, 4 de março de 2009

E o mundo levou

O desenvolvimento do homem em sociedade é, de fato, o que movimenta o mundo e constrói a história. Reflexões, estruturas e o simples agir (entre outros) são fatores que fazem do mundo o que é hoje, faz do sistema que vivemos o que ele é hoje. Se analisarmos a evolução da sociedade humana, veremos um grande desenvolvimento decorrente das necessidades - criadas ou não - de se construiur, ter ou fazer algo para benefício individual ou coletivo. E é aí que o desenvolvimento industrial surge como marco para a modernidade.

Sabemos bem que as atividades industriais, desde seu início, surgiram para produzir algo que melhorasse de alguma forma a condição de vida do homem. Porém, a forma de prática industrial que se desenvolveu formulou uma espécie crescimento doentio onde o que sempre foi essencial para o homem desde os primórdios até os dias de hoje perde seu valor: a natureza. Digo isso pois mesmo com a prática que produz até para que não compra, a natureza e o que ela fornece ainda servem como matéria-prima ou possibilita até mesmo descobertas científicas que permitem a expansão da atividade industrial. E o que se vê é a destruição, não pela destruição predatória. O que quero focar aqui é a indústria "comendo" o meio-ambiente e para isso vou usar um exemplo bem comum: os sacos plásticos.

Produto que demora mais de 100 anos para ser degradado, o plástico é o maior vilão do meio ambiente, mesmo comparado com o vidro e a borracha - que possuem tempos indeterminados de degradação. Por quê? Simples, porque o consumo de plástico é infinitamente maior do que o de vidro. Para se ter uma idéia, consideremos que cada família tenha em casa 50 sacos plásticos decorrentes de uma compra num supermercado mensal. Num edifício de 18 andares*, teríamos cerca de 5400 sacos plásticos por mês. Num ano, seriam 64800 sacos plásticos. Ou seja, 6480000 anos para que todos os sacos plásticos de apenas um prédio de 18 andares fossem degradados. Levando em conta que a relação de consumo e trabalhos de reciclagem é gritantemente assustadora, uma cidade de 200 mil pessoas consumiria cerca de 21.600.000 sacos plásticos ao mês e incríveis 259.200.000 sacos plásticos ao ano, totalizando 25.920.000.000 anos para degradação. Uma pequena cidade teria sacos plásticos suficientes para testemunar, talvez, o fim do planeta Terra.

Postos os números, a pergunta é: como resolver esse problema? Apenas trabalhar a reciclagem ajuda? O plástico que vai para os lixões é jogado aonde? Sendo incinerado, estamos salvos?


Não vejo outra forma de resolver o impasse além da proibição da produção de sacos plásticos. Mesmo atingindo a indústria do petróleo, a proibição deve ser feita de forma a expor ao mundo que a indústria deve parar de devorar o meio-ambiente. Além disso, a utilidade de sacolas de pano são igualmente positivas em relação às sacolas plásticas, sem contar com o desenvolvimento da produção de tecido e geração de empregos, sobretudo nos países subdesenvolvidos. Entretanto, deve-se conscientizar a população primeiramente para depois averiguar que resultados uma campanha pró sacolas de pano forneceu, para então avaliar o que deve ser feito, como e quando. Além do que incinerar plástico polui também o ar. Sem esquecer que existem outros problemas gerados pelo desenvolvimento da sociedade humana, devemos sempre atentar para o que pode nos acontecer, afinal o homem sempre soube do passado, mas nunca do futuro.



Observações:
-É válido conferir os seguintes vídeos:
http://www.youtube.com/watch?v=o2HQ8fcWZB4
http://www.youtube.com/watch?v=GA3BLrt5xkk
* para as estimativas devem ser consideradas:
- família de 4 pessoas

- 6 apartamentos por andar

- O autor não faz parte de grupo político pró-ambiental nem de qualquer coisa do gênero.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Onde está o impacto?

Em 23 de maio de 2008, Obama - ainda em corrida presidencial - disse que a Amazônia é um recurso global. A afirmação foi capaz de causar um frisson sem precedentes, uma verdadeira sensação de que a Amazônia não será do Brasil em poucos anos. Até o presidente da República Luís Inácio da Silva fez questão de ir à mídia para exaltar a soberania nacional do Estado Brasileiro, usando também da tática da apelação nas assembléias da Organização das Nações Unidas.

A pergunta que faço é: a Amazônia é brasileira? Em algum momento ela foi, de fato, do Estado?

Traficantes de narcóticos, indígenas, missionários, empresas de ciência e tecnologia, exércitos, grileiros, fazendeiros, mineiradores. Todos esses, brasileiros ou não, tomaram da República Federativa do Brasil o território amazônico. Os traficantes transitam livremente selva a dentro sem a menor iniciativa do Estado brasileiro em defender suas fronteiras, os indígenas - apesar de serem considerados brasileiros *- não tem a visão de nação que tanto é defendida pelo atual presidente. Missonários, empresas e exércitos de todas as partes do mundo surgem no território amazônico sempre com intenções amigáveis, cordiais e inocentes. Ora é catequese, ora é pesquisa patenteando plantas do território brasileiro, ora são exércitos aprendendo a sobreviver na selva com o famoso "curso mais difícil do mundo" organizado pelo Exército Brasileiro. Até caças da USAF puderam ser vistos em terra, o que pode ser possível levando em conta o espaço aéreo que temos. Isso sem contar nos grileiros, que buscam terras falsificando leis e formando quadrilhas em conjunto com fazendeiros - dos quais muitos são membros do governo ou relacionados a membros do governo - e mineiradores, que além das terras, contaminam também rios com Mercúrio.

A verdade, caros amigos, é que a Amazônia é uma verdadeira terra-de-niguém onde cada um ali está atrás de um benefício próprio sem se importar com os recursos que ela é capaz de oferecer, afinal não há fiscalização efetiva. O que Obama disse todos nós já sabemos- alguns brasileiros querem não ver, mas todos sabemos- até porque outros membros de importantes países já disseram o mesmo. Realmente tudo parece estar perdido na amazônia, não existe soberania de Estado algum naquela região







*ou brasileiros quando lhes convém, ou de qualquer outra forma interpretável