quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Fracasso como Solução?

Uma semana longe da cidade grande. Foi o que definiu o que eu vou escrever hoje. Cidade litorânera, praia, Sol, vento, leituras, relax e jeitinho brasileiro. Mesmo após o desagradável Domingo passado onde - mais uma vez - um alemão acabou com um sonho brasileiro (Hamilton agradece), falarei sobre os dois lados do tão desgastado jeitinho desse povo odiado e amado pelo mundo afora. Dois jeitinhos brasileiros? Claro! Tudo tem, no mínimo, dois lados e até agora só vi dois acerca desse assunto (os que puderem me ajudar a encontrar um terceiro, quarto, vigésimo infinitésimo lado para o tema vão me deixar extremamente curioso e satisfeito).

O primeiro lado citado vem de um exemplo bem claro sobre o fracasso que leva a práticas ilegais: ao pegar um taxi, o motorista conversava comigo sobre a Carteira Nacional de Habilitação. "Quanto você pagou?" . Desconfiado, cortei o assunto dizendo que não era da região "Lá no Rio custou um bom preço". O despojado e simpático motorista insistia no papo e eu acabei entendendo o que acontecia. "800 conto sem prova e sem nada, só vai lá e assina. Isso só rola comigo porque eu sou aposentado da PM, tenho um contexto". Juntando o post sobre capital social com as afirmações do cidadão cheguei a um pensamento curioso que habita um livro que li: a diferença entre os vencedores e os perdedores é a capacidade de lidar com o fracasso: um vê o fracasso como uma derrota*, uma perda fixa e irreparável enquanto o outro o vê como um incentivo para a próxima batalha da vida. Ora, sendo assim fica claro que o taxista só o é e só participa de tais esquemas (sim, no plural pois tenho dúvidas sobre a legalidade do ofício de taxista que ele exerce) porque fracassou em suas expectativas como Policial Militar. Derrotado*, o cidadão recorre a atividades ilícitas que permitam concretizar suas expectativas. Aí temos um foco deste lado do jeitinho brasileiro: o taxista pode ficar rico, mas sempre será um derrotado em sua mente, em sua ética.



Do outro lado, visitei um grupo de mulheres empreendedoras onde ali existia todo tipo de mulher com seus vícios e virtudes diversificados. Organizadas em uma reunião, as mulheres planejavam, entre outras coisas, uma "vendinha" para uma feira. O diálogo e o planejamento corriam super bem, mesmo com as divergências entre aquelas mulheres( é difícil trabalhar em grupo? VOTE ). O grupo existe há alguns meses e nem tudo sai como esperado, ou seja, assim como o ex-PM o grupo também fracassa, porém existe uma diferença: o grupo empreendedor lida com o fracasso de forma diferente, sempre dentro das possibilidades legais e com a alma limpa pela consciência de que o fracasso passado não foi uma derrota* e sim um incentivo para o sucesso da "vendinha" que estão organizando. E se, por algum motivo, as vendas não forem boas não haverá nenhum problema, afinal não existe vencedor que nunca tenha perdido. Para tais mulheres, o sucesso virá de forma limpa onde todas elas sabem que o fracasso faz parte do cotidiano. Já para o taxista, torço para que o sucesso venha através de uma série de derrotas* que façam seus fracassos, enfim, se transformarem em incentivo para o sucesso dentro da lei e da paz de espírito.




Daniel L. Ruffo





*É importante observar a diferença entre fracasso e derrota aqui postada




A enquete irá até segunda-feira 10/11, onde será feito um post acerca da enquete e do tema.
Até a próxima!

4 comentários:

  1. Hoje em dia, saber trabalhar em grupo é algo imprescindível, embora possa trazer aborrecimentos e irritação.
    No meu tempo de escola eu não gostava, quando tinha trabalho em grupo eu sempre pedia às professoras pra me deixarem fazer sozinho. Às vezes deixavam, às vezes não. Quando deixavam, meu trabalho geralmente ficava bom e ganhava elogios.
    Eu escolhia esse caminho pra evitar me aborrecer, pois em grupos havia sempre alguém trabalhando sem afinco, desleixado, ficando "na aba". E eu não gosto de cobrar os outros, pois penso que cada um deve estar ciente de suas responsabilidades sem precisar de babá.
    Fui assim até a 8a série. A partir do ensino médio me tornei mais flexível, e tive colegas que se esforçavam em trabalhos, então ficou tranquilo. Passei a fazer trabalhos em grupo sem me estressar, pois a galera era mais ciente.

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  2. Vai depender dos integrantes do grupo, me parece que ao compartilharem dos mesmos valores, terão mais chance de progredirem. É difícil formar um grupo assim, normalmente as contribuições de cada um não ficam equalizadas; torna-se mais um exercício de diplomacia, para administrar os "desequilíbrios" gerados.

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  3. Depende...se o trabalho for bem dividido, a produção aumenta juntamente com a qualidade e o processo acaba se tornando, inclusive, mais agradável. De qualquer forma, mesmo que não oficialmente, a existência de um líder é fundamental para a coordenação das atividades e manutenção do empenho dentro do próprio grupo. E para que o líder tenha legitimidade, é fundamental que seja o maior servidor, assim como ocorre na maioria das tribos indígenas. Caso contrário, o trabalho em grupo pode ser prejudicado e vir a fracassar. Dependerá portanto, sempre dos atos.

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